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4 de nov. de 2016

Dar certo, dá muito medo.





A vida, não apenas uma ou duas vezes me deu rasteiras, não que ache que isso seja ruim, se foi uma questão de karma era pra ter acontecido, então o jeito é tirar proveito. Nem sempre foi a vida o resultado de tantas quebrações literais da cara, as vezes fomos nós mesmo que demos o ponto de partida para que algumas cicatrizes ainda não se abram.
Nem sempre dói ou fica exposto na cara, com aquela faixa: Me olhem, estou dilacerada por dentro. Não, tudo que nos machuca passa despercebido pelas pessoas e até mesmo pra nós. Cada um reage de uma forma, alguns se isolam em suas vidas e outros sorriem com felicidade, dançam como ninguém e se encontram em sucessivos momentos para esquecer.
É apenas o que parece, nem sempre sorriso bonito significa paz, é preciso um turbilhão de sentimentos tumultuados para que sintamos o tanto que dói.
Quem não nos conhece alega que somos frios e exigentes, a verdade seria linda se fosse essa, mas é que nem nós damos conta sobre o porquê de não querer nada sério ou se envolver. Arriscar é risco demais pra quem já teve fratura exposta mesmo que o coração seja só músculo. Ainda que não veem, sangra todo dia, é visceral a falta de alguém, dói, mas dói muito mais se apegar alguém e depois não dar certo.
Não raro, forma-se pessoas que também partem outros corações, mesmo que avise, não venha, não se iluda, não quero envolver, O problema é que às vezes nos envolvemos mais que deveria ter envolvido, gostado mais do que deveria ter gostado e não ter ido embora antes de se apaixonar. E isso dá medo, pior que todos filmes de terror, dá pânico saber que a qualquer momento aquela pessoa nos dará rasteira, partirá nosso coração então por falta de amor próprio e confiança, partimos corações.
Não confiamos em ninguém, não nos iludimos com desculpas ou promessas de amor, queremos sim acreditar, mas só que em vão conseguimos.
Dói mais, muito mais ver sempre que no final estamos vazios, a procura de que alguém um dia nos salve de nós mesmos, desse abismo chamado solidão acompanhada.
Quase sangra à vista dos outros, quando negamos o envolvimento, quando negamos dar uma chance, machuca também ter que falar, não me leve a mal eu não quero me envolver. A gente quer sim, a gente quer um amor, não estão vendo?
Mas não queremos esse sufoco, não queremos esse contrato, queremos alguém que nos pague um sorvete de fim de tarde, um café legal. A gente quer ir com calma quando o mundo tá depressa demais. A gente quer conquista, não já partir pra pegação. Porque convenhamos até pegação a gente enjoa, podemos sim sermos de quem quisermos, mas a gente quer conhecer alguém que vale a pena, alguém que seja inteiro nesse tanto de metades.. 
Conhecemos muito o corpo antes de conhecermos a alma. A gente só quer alma, alguém que não tenha medo dos nãos, de ouvir que hoje a gente quer estar sozinho e nem por isso vai pegar a primeira que ver na frente. A gente quer alguém em quem confiar que podemos contar de nossa infância até a prova chata da faculdade, a gente quer pegar na mão antes de pegar no resto do corpo. A gente quer coisa básica antes do tumulto. 
Por mais que acham que não somos pessoas que se apega, por mais que nos julguem, é que não sabem que nós só queremos ser salvos de nós mesmo. 
A gente tem medo de que dê certo demais, que depois daquele beijo a gente goste, que depois vire passeios de domingo a tarde, conhecemos os pais, as histórias e envolvamos tanto que a paixão em nós se emane, porém, após tudo isso, ganhemos uma facada nas costas e não fique ninguém pra nos cuidar, deixando a gente com puro sangue e a gente mesmo se reerguer com  aquela dor que desatine por muito tempo. Dar certo demais significa dor depois, mas se um dia alguém provar que pode ajudar curar nossas cicatrizes, que prove que podemos confiar, se um dia alguém domar esse leão que existe em nós e ficar, a gente será feliz, mas por enquanto a gente sofre nossas dores com momentos fantásticos e quem sabe um dia alguém nos veja de verdade e resolva pegar nosso coração pra bater simultaneamente com o seu? 

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